terça-feira, outubro 31, 2006

Tattooed all I see, all that I am...

Para todos os que me amam:

Amo-vos mais do que a minha própria vida. Seria apenas um corpo molecular sem a vossa presença!


Para todos os que me detestam:

Peço desculpa por ser uma pedra em vosso sapato. Lamento, por vezes, ter que impor modos de vida e de olhar o mundo. Não sou mais que ninguém, desejo apenas a melhoria de todas as vidas que me rodeiam. Desejo presenciar vossas vitórias, sentindo-me também vitoriosa, feliz e grandiosa.


Para os que desapareceram, deixando marcas em meu coração:

Desconheço o vosso paradeiro. Sinto a vossa falta e de todos os momentos alegres que me proporcionaram. Nunca vos esquecerei! Para sempre guardados cá dentro.
Ana Teresa (Natura)

terça-feira, outubro 24, 2006

De regresso à inconsciência

A noite de meu interior é iluminada pela candeia do coração até ao exterior. Vejo o que quero sentir, lembrando sorrisos que deixaram de ser meus. Ofereci-os ao mundo, como que um sacrifício por ter vivido na paz do meu inconsciente. Para sempre inconsciente, para sempre nunca pensar na consciência do meu ser. Quero-te de volta inconsciência, desejo regressar à descoberta dos teus mil segredos!

Mergulharei no teu universo, esquecendo tudo o que descobri à superfície. Nada preciso de saber para viver em ti, porque aí nesse teu universo reside o segredo da harmonia!
Ana Teresa (Natura)

quarta-feira, outubro 18, 2006

E eu, que risco corro? O suicídio é ilegal ou é um direito? Onde posso encontrar apoio?

E eu, corro este risco?

É bem possível que algumas pessoas que lêem isto poderão, um dia, tentar o suicídio. Eis, então, um exercício rápido de prevenção de suicídio:
- Elabore uma lista de 5 pessoas com quem poderá conversar quando se encontrar em situação de desespero colocando a pessoa preferida no topo da lista.
- Elabore um "pacto de não-suicídio" consigo próprio, prometendo que se alguma vez estiver em risco de cometer suicídio procurará cada uma das pessoas mencionadas na sua lista e falar-lhes-á do que está a sentir; se alguém não o ouvir continuará a falar com os restantes até que haja alguém que o ouça. Muitas pessoas que tentam o suicídio encontram-se em situação de desespero tal que não conseguem, no meio da crise, encontrar alguém a quem procurar ajuda.
Pensar antecipadamente num leque de pessoas próximas que podem ouvir e proporcionar essa ajuda é uma vantagem em futuras situações de angústia.
Como o suicídio afecta amigos e familiares?
O suicídio é sempre uma experiência extremamente traumática para os amigos e familiares, mesmo que quem tente o suicídio pense que ninguém se preocupa com elas. Além dos sentimentos de mágoa normalmente associados com a morte da pessoa, podem existir sentimentos de culpa, cólera, ressentimento, remorso, dúvidas e grande angústia acerca de situações não esclarecidas. O estigma que cerca o suicídio pode fazer com que seja extremamente difícil para os que sobrevivem lidar com a sua mágoa podendo-lhes causar, também, situações de isolamento extremo.
É frequente acharem que são tratados de forma diferente após o suicídio e um familiar ou amigo tornando-se-lhes difícil falar sobre o problema devido ao estigma da condenação. Normalmente sentem que fracassaram por alguém que tanto amavam ter optado pelo suicídio, e a construção de novos relacionamentos é extremamente difícil devido à dor que sentem.
Os familiares ou amigos de vitimas de suicídio podem procurar ajuda nos "grupos de sobrevivência", onde encontrarão pessoas com os mesmos problemas e experiências semelhantes à sua, onde não correm o risco de serem julgados e ou condenados. Esses grupos poderão ser um enorme auxílio no aliviar de um imenso fardo que o suicídio sempre acarreta. (...)
O suicídio é ilegal? Isso não impede as pessoas de o cometerem?

O facto de ser ilegal ou não, não possui qualquer importância para quem está tão desesperado que equaciona a própria morte. Não é possível legislar sobre a dor pelo que tornar o suicídio ilegal não impede que quem esteja desesperado tenha sentimentos suicidas ou atente contra a sua própria vida. O facto de ser um acto ilegal só poderia deixar mais isolado quem o equaciona, já que a maioria das tentativas de suicídio são mal sucedidas, deixando assim quem o tenta numa posição ainda pior se fossem considerados também criminosos. Em alguns países o suicídio é considerado um acto ilegal e noutros não o é.
Em Portugal, o "incitamento ou ajuda ao suicídio" e "propaganda do suicídio" é considerado crime. Até 1961, o suicídio era considerado crime em Inglaterra.
As pessoas têm o direito de se matar?

Sim, e deverá sempre ser uma escolha da sua responsabilidade. No entanto, ajudar alguém a lidar melhor com os problemas, ver as opções com maior clareza, ajudá-las a fazerem a melhor escolha evitando algo que lamentariam, reforça os direitos de alguém, não lhos retirando.

Lembre-se de uma regra importante: realçar, sempre, o facto de o suicídio constituir uma solução permanente para um problema temporário, lembrando a pessoa de que existe ajuda e que os seus problemas e a sua irão diminuir.

S.O.S. Suicídio. Onde posso encontrar apoio?

SOS Voz Amiga (Lisboa)
- 21 354 45 45
- 800 20 26 69

Telefone da Amizade (Porto)
- 22 832 35 35

SOS Telefone Amigo (Coimbra)
- 239 72 10 10
SOS Palavra Amiga (Viseu)
- 232 42 42 82

SOS Estudante (Coimbra)
- 808 200 204

Voz de Apoio (Gaia)
- 22 550 60 70

SOS - Serviço Nacional de Socorro (Portugal)
- 112

A Nossa Âncora (Sintra)
- Rua Dr. Almada Guerra, No. 25 Portela de Sintra 2710-147 Sintra
- 219 105 750
- 219 105 755

Departamento de Psiquiatria de Braga
- 253 676 055

Serviço de Psiquiatria dos Hospitais da Universidade de Coimbra
- Pcta. Prof. Mota Pinto 3000- 075 COIMBRA
- 239 400 576
- 239 400 400

Serviço de Psiquiatria do Hospital Distrital de Braga
- Lg. Carlos Amarante Sao Jose de Sao Lazaro 4700- 000

Serviço de Psiquiatria do Hospital de Santa Maria
- Avenida Prof. Egas Moniz, Piso 4 Lisboa
- 217 805 137
- 217 901 200

Serviço de Psiquiatria do Hospital Miguel Bombarda
R. Dr Almeida Amaral 1150- 000 Lisboa
- 213 563 581

Serviço de Psiquiatria do Hospital Dr. José Maria Grande
- Av. de St.º António 7301- 853 Portalegre
- 245 301 000

Serviço de Psiquiatria do Hospital Distrital de Ponta Delgada
- Grotinha 9500- 370 Ponta Delgada
- 296 203 000

Serviço de Psiquiatria do Hospital Distrital de Beja
- 284 325 830
Fonte: Sociedade Portuguesa de Suicidologia

segunda-feira, outubro 16, 2006

O que fazer se me sentir pouco à vontade para lidar com o assunto?

Sinto-me pouco à vontade com o assunto. Como lidar com a situação?

(…) Podemos dar grandes passos no contributo para a redução das taxas de suicídio começando por aceitar as pessoas tal como elas são, acabando com os tabus sociais falando sobre as ideias de suicídio, e dizendo às pessoas que é legítimo equacionarem o suicídio quando se sentem no limite. Só o facto de falarem sobre o que sentem ajuda a reduzir a sua angústia, começando a ver outras opções e reduzindo as probabilidades de tentativa de suicídio.

Se acha que está perante um potencial suicida

Existem pessoas a quem um suicida pode recorrer para pedir ajuda; se sabe de alguém com comportamentos suicidários ou se se sente um potencial suicida, procure quem possa prestar ajuda, não desistindo nunca antes de alguém o ouvir. Uma vez mais, a única forma de saber se alguém tem comportamentos suicidários é perguntando e analisando a sua resposta.

Os suicidas, como todas as restantes pessoas, necessitam de amor, compreensão e apoio. Por norma, mas erradamente, não se pergunta de forma directa "Sentes-te tão mal que já pensaste no suicídio?". Afastarem-se dos outros aumenta o isolamento que sentem e a probabilidade de tentativa de suicídio. Perguntar se pensam em comportamentos suicidários tem, como efeito, permitir o direito a sentirem tais ideias, reduzindo o seu isolamento; se têm comportamentos suicidários verificam que outras pessoas entendem a forma como se sentem, que compreendem os seus sentimentos e a sua dor psicológica.

Se alguém que conhece lhe diz que tem intenção de cometer suicídio, acima de tudo, escute-o. Depois escute mais. Diga-lhe "eu não quero que morras". Esteja disponível para ouvir os seus sentimentos e tente estabelecer um "pacto de não-suicídio": peça-lhe que prometa que não vai cometer suicídio e que quando sentir que tem vontade de se magoar que não faça nada sem antes falar consigo ou com alguém que o possa apoiar. Leve-os a sério e fale deles a alguém com habilitações para os ajudar, tal como um médico no Centro de Saúde da comunidade, a um Psicólogo, a um assistente social, etc. Se apresentarem fortes indícios suicidas e falarem consigo poderá necessitar de os levar a um departamento de emergência hospitalar.

Não tente "salvá-los" nem transpor para si as suas responsabilidades, nem tente ser herói tentando resolver a situação por conta própria. Pode prestar uma ajuda mais preciosa, referindo estes casos a quem está habilitado a proporcionar-lhes a ajuda de que necessitam, podendo continuar a prestar-lhes o seu apoio e lembrando-lhes que o que lhes acontecer é inteiramente da responsabilidade deles. Procure, também, algum apoio para si ao tentar obter apoio para eles; não tente salvar o mundo sozinho. Se não sabe para onde se virar, há sempre uma linha telefónica anónima ou o Número Nacional de Socorro 112 que funciona 24 horas por dia com pessoal habilitado na prevenção do suicídio que poderá ajudá-lo.


Conversar, conversar, conversar. Como pode uma conversa ajudar?

Embora não sendo solução, perguntar a alguém e fazê-lo falar sobre o que sente atenua significativamente os seus sentimentos de isolamento e angústia, reduzindo, assim, o risco imediato de tentativa de suicídio. Quem se interessa pode ter relutância em falar sobre o suicídio por ser um assunto tabu.

É importante procurar ajuda para a resolução dos problemas, o mais rápido possível, sejam eles emotivos ou psicológicos. Quem já tentou o suicídio corre o risco de o voltar a tentar, pelo que é importante o tratamento de sequelas antigas, com a ajuda de profissionais médicos ou apoio.

Alguns assuntos poderão nunca ser completamente resolvidos com o apoio, mas um psicoterapeuta poderá ajudar a lidar pela positiva com os problemas presentes e ensinar a desenvolver métodos e estratégias para lidar com problemas futuros.
Fonte: Sociedade Portuguesa de Suicidologia

domingo, outubro 15, 2006

Factores de risco associados ao suicídio: algumas questões frequentes

Que tipo de factores pode contribuir para alguém ter pensamentos suicidários?

Normalmente consegue-se lidar razoavelmente bem com problemas de stress e isolamento ou acontecimentos e experiências traumáticas, mas quando há uma acumulação de tais acontecimentos a capacidade de lidar com tais situações é levada ao limite.
A tensão ou trauma gerado por um dado acontecimento variará de pessoa para pessoa dependendo da sua experiência e de como lida com esse trauma em particular. Umas pessoas são mais ou menos vulneráveis a acontecimentos particulares de trauma e outras podem considerar determinados acontecimentos como traumáticos que outros verão como uma experiência positiva.
Além disso, cada indivíduo lida com a tensão e o trauma de formas diferentes; a presença de múltiplos factores de risco não implica necessariamente que uma pessoa cometa o suicídio.
Dependendo da resposta individual da pessoa, os factores de risco que podem contribuir para o comportamento suicidário são:

Psicopatológicos
1. Depressão endógena, esquizofrenia, alcoolismo, toxicodependência e distúrbios de personalidade;
2. Modelos suicidários: familiares, pares sociais, histórias de ficção e/ou notícias veiculadas pelos média;
3. Comportamentos suicidários prévios;
4. Ameaça ou ideação suicida com plano elaborado;
5. Distúrbios alimentares (bulimia).

Pessoais
1. Ter entre 15 e 24 anos ou mais de 45;
2. Pertencer ao sexo masculino e raça branca;
3. Morte do cônjuge ou de amigos íntimos;
4. Escolaridade elevada;
5. Presença de doenças de prognóstico reservado (HIV, cancro etc.);
6. Hospitalizações frequentes, psiquiátricas ou não;
7. Família actual desagregada: por separação, divórcio ou viuvez.

Psicológicos
1. Ausência de projectos de vida;
2. Desesperança contínua e acentuada;
3. Culpabilidade elevada por actos praticados ou experiências passadas;
4. Perdas precoces de figuras significantes (pais, irmãos, cônjuge, filhos);
5. Ausência de crenças religiosas.

Sociais
1. Habitar em meio urbano;
2. Ser rural ao sul do Tejo;
3. Desemprego;
4. Mudança de residência;
5. Emigração;
6. Falta de apoio familiar e/ou social;
7. Reforma;
8. Acesso fácil a agentes letais, tais como armas de fogo ou pesticidas;
9. Estar preso.

Como saberei se alguém com quem me preocupo tem pensamentos suicidários?

É frequente as pessoas com comportamentos suicidários darem sinais de alarme, consciente ou inconscientemente. Esses sinais indicam a necessidade de ajuda e a esperança de poderem ser salvas. Usualmente aparecem agrupados e geralmente são bastante perceptíveis.
A presença de um ou mais destes sinais não é uma garantia de que a pessoa pretende cometer o suicídio: a única forma de ter a certeza é perguntando. Noutros casos, o suicida pode não querer ser salvo e pode evitar dar sinais de alarme.
Alguns sinais de alarme que frequentemente são exibidos pelas pessoas que têm a intenção de cometer suicídio são:

• Afastar-se dos amigos e da família.

• Dor psicológica intolerável (por falta das necessidades psicológicas elementares);

• Perda da auto-estima (com incapacidade para aguentar a dor psicológica);

• Constrição da mente (menos horizontes e menos tarefas);

• Isolamento (sensação de vazios e de falta de amparo);

• Desesperança (sensação de nada valer a pena);

• Egressão (fuga como única solução para acabar com a dor intolerável);

Esta lista não é definitiva: algumas pessoas podem não mostrar sinais e ainda assim terem ideias de suicídio, outros podem mostrar vários sinais mas enfrentarem bem as situações; a única forma de saber com certeza é perguntando. Em conjunção com os factores de risco acima mencionados, esta lista pretende ajudar na identificação daqueles que podem ter necessidade de apoio.

Se uma pessoa que se encontra fortemente perturbada imaginou um plano potencialmente letal para cometer suicídio e tem formas ou meios disponíveis de o executar imediatamente, é considerado como um forte potencial suicida, isto é, em elevado risco.
Fonte: Sociedade Portuguesa de Suicidologia

sexta-feira, outubro 13, 2006

3. Saber mais sobre o suicídio: algumas questões frequentes

Se o suicídio o atormenta, se a dor psicológica se está a tornar insuportável, procure ajuda!
Existem inúmeras pessoas prontas para lhe prestar toda a ajuda necessária, respeitando as suas ideias, as suas crenças, os seus problemas, respeitando acima de tudo o seu valor enquanto pessoa.
Os comportamentos suicidários e os comportamentos de risco, constituem um dos maiores flagelos da nossa sociedade contemporânea. (…)
Porquê que alguém tenta o suicídio?
Normalmente o suicídio é equacionado como forma de acabar com uma dor emocional insuportável causada por variadíssimos problemas. É frequentemente considerado como um grito de pedido de ajuda. Alguém que tenta o suicídio está tão aflito que é incapaz de ver que tem outras opções: podemos ajudar prevenindo uma tragédia, se tentarmos entender como essa pessoa se sente e ajudá-la na procura de opções e soluções. Os suicidas sentem-se com frequência isolados; devido à sua angústia, não conseguem pensar em alguém que os ajude a ultrapassar este isolamento.
Na maioria dos casos quem tenta o suicídio escolheria outra forma de solucionar os seus problemas, se não se encontrasse numa tal angústia que o incapacita de avaliar as suas opções objectivamente. A maioria das pessoas que opta pelo suicídio dá sinais de esperança de serem salvas, porque a sua intenção é parar a sua dor e não por termo à sua vida. A este facto dá-se o nome de ambivalência.
Os suicidas são "loucos"?
Não. Ter pensamentos suicidas não implica ser-se “louco”, nem necessariamente ser doente mental. As pessoas que tentam o suicídio estão seriamente afligidas e deprimidas. Esta depressão pode ser reactiva, situação que é perfeitamente normal em circunstâncias difíceis, ou pode ser uma depressão endógena que é o resultado de uma doença mental diagnosticável com outras causas subjacentes. Também pode ser uma combinação das duas.
"Pensamentos e actos suicidas podem ser o resultado de tensões e perdas com as quais não se consegue lidar.
Numa sociedade onde o estigma e ignorância acerca da doença mental é significativo, a pessoa que experimenta comportamentos suicidários pode temer que os outros a considerem "louca" se revelarem os seus sentimentos, tornando-se relutantes em pedir ajuda durante a crise que atravessam. De qualquer forma, descrever alguém como "louco", com fortes conotações negativas, não é, provavelmente, útil e o mais provável é dissuadir alguém de procurar ajuda o que se pode revelar bastante benéfico, independentemente de ser diagnosticada doença mental ou não.
As pessoas que sofrem de uma doença mental tal como a esquizofrenia ou depressão clínica têm índices significativamente mais altos de suicídio, embora sejam ainda uma minoria dos que tentam tal acto. Para estas pessoas, ter a sua doença correctamente diagnosticada, com um tratamento apropriado, pode ser uma forma de impedir o acto de suicídio." (citação retirada de "Hearing the cry: Suicide Prevention", Appleby e Condonis, 1990).
Falar sobre suicídio não encoraja o acto?
Depende dos aspectos que se aborda na conversa. Falar sobre os sentimentos que cercam o suicídio pode levar ao entendimento e reduzir grandemente a angústia imediata de uma pessoa suicida. Não é um erro perguntar-se a alguém se equaciona a ideia de suicídio como uma opção válida se suspeita que essa pessoa não está a conseguir lidar com o seu tormento. Se a pessoa o confessa, pode ser um grande alívio ver que outra pessoa tem uma ideia de como se sente.
Esta pode ser uma pergunta difícil, pelo que aqui se deixam algumas abordagens possíveis:

"Nesse teu sofrimento, estarás a considerar o suicídio?"
"Parece-me muita coisa para ser suportada; pensaste no suicídio como forma de fuga?"
"Toda a dor que sentes fez alguma vez pensar em magoares-te?"
"Alguma vez pensaste em deixar tudo?"
O modo mais apropriado de abordar o assunto difere de acordo com a situação, e com a confiança entre as pessoas envolvidas. É, também, importante ter em consideração a totalidade da resposta dada pois a pessoa angustiada tende a dizer "não", mesmo que queira dizer "sim". A pessoa que não se sente atraída pelo comportamento suicidário é, normalmente, capaz de transmitir um “não” seguro prosseguindo a conversa apresentando os motivos que a levam a querer viver. Também pode ser útil perguntar-lhe o que faria se estivesse a considerar, seriamente, cometer suicídio, para o caso de, futuramente, apresentar comportamentos suicidários ou caso os tenha e não se sinta à vontade para os revelar.
Falar exclusivamente sobre formas de como cometer suicídio pode dar ideias às pessoas que tenham comportamentos suicidários, mas que ainda não pensaram em como os concretizar. Os relatos de imprensa que se concentram unicamente nos métodos usados e ignoram o panorama emotivo que está por detrás do acto, podem tender a encorajar à imitação de métodos suicidas.
Fonte: Sociedade Portuguesa de Suicidologia

quarta-feira, outubro 11, 2006

Sinais de alerta. As conversas e ameaças de suicídio devem ser levadas a sério.

1. Sinais de alerta
Detectar sinais de alerta e intervir de forma eficaz é uma tarefa importante que poderá salvar vidas. (…)
A impulsividade é um dos factores importantes a ter em conta, pois ela modela a rapidez com que se passa do pensamento ao acto, podendo constituir um factor de risco acrescido ou um factor de protecção.
O nível de energia é também um factor importante. É na fase de remissão da depressão que o risco de suicídio aumenta, aumentando também o nível de energia que facilitará o acto suicida. Da mesma forma, quando os sintomas depressivos pioram também o risco aumenta em consequência de mais uma derrapagem no percurso doloroso da depressão.
Os principais sinais de alerta podem ser apreendidos através de comentários acerca da morte ou suicídio. Ao contrário do que a maioria das pessoas julga, os suicidas expressam algo sobre as suas intenções.
Os preparativos para a morte são por vezes um dos sinais mais preocupantes, tais como a preparação de documentos, dar objectos pessoais de valor sentimental elevado ou escrevendo cartas e notas aos amigos.
Alguns sinais exteriores podem evidenciar risco, tais como a sensação de desesperança, ansiedade intensa, auto-desprezo, apatia ou entorpecimento, assim como tristeza intensa, comportamento impulsivo e mudanças rápidas de humor.
2. Como ajudar? Leve a sério conversas e ameaças de suicídio
Se detectar alguns sinais de alerta ou suspeitar que alguém pode estar a considerar o suicídio como solução, não abandone essa pessoa e procure de imediato ajuda profissional.
Se estiver perante a eminência de um acto suicida, aja de acordo com as seguintes regras.
1. Leve a pessoa a sério.
2. Mantenha-se calmo e escute.
3. Não sub-reaja.
4. Envolva outras pessoas.
5. Chame o 112, se necessário.
6. Contacte o médico dessa pessoa.
7. Revele interesse.
8. Mantenha o contacto visual.
9. Se apropriado, utilize a linguagem corporal, por exemplo, movimentando-se para perto da pessoa ou segurando a sua mão.
10. Faça perguntas directas.
11. Tente saber se a pessoa possui planos específicos e qual o método de suicídio que está a ser considerado.
12. Não prometa confidencialidade. Poderá ter necessidade de falar com amigos, familiares ou técnicos de saúde.
13. Reconheça os sentimentos da pessoa.
14. Seja empático e não crítico.
15. Ofereça confiança.
16. Realce o facto de o suicídio constituir uma solução permanente para um problema temporário, lembrando a pessoa de que existe ajuda e de que as coisas irão melhorar.
Fonte: Sociedade Portuguesa de Suicidologia

terça-feira, outubro 10, 2006

Dia Mundial da Saúde Mental

Durante o rolar dos dias, existem pormenores que nem sequer nos passam ao lado, simplesmente pelo facto de os desconhecemos. Não reflectimos sobre o que não existe à superfície da nossa consciência.

E quando o desconhecido marca presença na nossa vida, assim, numa fracção de segundo, apanhando-nos desprevenidos, sem defesas e sem estratégias de combate? Que faço? Apenas me torno emocionalmente vulnerável?

Hoje, 10 de Outubro, é o Dia Mundial da Saúde Mental, pelo que a Organização Mundial de Saúde decidiu alertar a sociedade em geral para um fenómeno, sobre o qual me debruço com alguma atenção: o Suicídio - “primeira causa de morte prematura e evitável”. Por vezes, este acto está associado a doenças mentais, o que não significa que um suicida seja sempre um doente mental.

Como forma de alerta e de dar a conhecer algumas questões sobre este fenómeno, a Sociedade Portuguesa de Suicidologia publicou um documento que reúne um conjunto de respostas às questões que mais frequentemente se colocam acerca desta temática.

Neste sentido, durante os próximos dias irei transcrever para este espaço algumas partes do referido documento, nomeadamente dos sinais de alerta, de como agir quando alguém estiver na eminência de levar a cabo um acto suicida, entre outras questões.

Todos sabemos que os imprevistos são possíveis e reflectir sobre eles é, na minha opinião, a melhor estratégia para amenizar o choque emocional.

Ana Teresa (Natura)

quinta-feira, outubro 05, 2006

Não tenho nome, apenas vida

"O meu nome não é lindo. É só uma conjugação de letras perdidas ao som de um ritmo de pulsações, beliscadas por todos aqueles que não entendem que eu não tenho nome, só uma vida"...
D.S., 12/05/2006

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