terça-feira, março 11, 2008

Survivor

Vesti aquela saia a arrastar pelos pés e ouvi a Natasha, anunciando a Primavera. Olhei-me ao espelho e transcendi. Não era só eu que ali estava. Era o universo como um todo. Flutuei e chorei por tudo o que não consegui. Entretanto vi no messenger o meu amigo Pedro, ouvindo A Perfect Circle. Sente todo o meu ser que música assim desprende a minha alma do corpo. Esse meu amigo, o Pedro, fã de rock e habitante do centro de Portugal, diz que o 11 Setembro, enquanto plano interno é meramente teoria da conspiração, ao invés da minha pessoa. Acredito nas teorias da conspiração e digo-lhe que as atitudes foram sempre as mesmas, dando como exemplo a quase extinção dos povos indígenas levada a cabo pela sociedade americana em início de nação. O meu amigo referiu que nada tem a ver uma coisa com a outra e eu fiquei assim, sem saber como fundamentar a minha opinião, porque a minha mente não absorveu assim tanta informação acerca de tal fenómeno. No entanto, meu coração é anti governo americano e é isso mesmo que transmito. Disse também ao meu amigo Pedro que cada um acredita no que pretende, porque temos várias realidades à nossa disposição. Não! Não foi assim que disse, mas copio as palavras exactas proferidas naquele momento:

“Sabes em que acredito?” - perguntei ao Pedro.

“…” - pontuou o meu amigo, aguardando pela resposta.

“No nascimento e na morte. O percurso entre o início e o fim é irreal, imaginário, imprevisível, incerto, instável... surreal! Entre o início e o fim acreditamos em diferentes realidades, que no fundo não existem. Somos entretidos durante todo o percurso. Entre o início e o fim corremos o risco de sentirmos que somos mais do que uma pessoa e cada uma delas acredita numa realidade diferente. É imaginário o mundo em que vivemos. Não acredito no que vejo, logo em nada creio.” - respondi.

Disse o meu amigo que toda a desmotivação e descrédito passarão, logo que consiga ultrapassar as minhas próprias barreiras. Disse-me que a mente humana é muito poderosa e que se me convencer do mal, assim viverei… mal! Disse-me este amigo, que o universo me vai dando oportunidades, mas que eu não as agarro, devido à minha fraqueza. Respondi-lhe eu, que os frágeis (queria eu dizer fragilizados) deveriam ser recolhidos e alimentados até recuperarem a sua força natural.

Fui-me embora, desliguei o PC. Cresceu em mim a vontade de transmitir o que senti em final do dia 11 Março 2008. Liguei novamente a máquina, para dizer ao mundo que este meu amigo, o Pedro, resistiu e é um sobrevivente.
Ana Teresa P. Lousada

segunda-feira, março 03, 2008

A consciência da verdade

Inês,

Percebo agora a tua opção pela libertação, a tua lucidez, a tua pertença a outro lado.

A dimensão a que chamamos vida perde todo o seu esplendor, quando nos tornamos demasiado conscientes e permeáveis, demasiado emotivos e vivos. Cansa viver por entre emoções e afectos que um dia se esvanecem, como que uma miragem em pleno deserto. Imagina mesmo isso: encontras-te perdida no deserto, a tua necessidade é saciar a sede e, como tal, o teu cérebro fabrica aquela miragem de oásis, na ânsia de satisfazer esse desejo primário. É falso, é falso, é a mente deturpada que te engana, perante as adversidades sem fim à vista. Pretendes viver, mas tudo o que te rodeia parece que vai ruir a qualquer momento. Parece contraditório: embora estejas convicta da tua consciência sobre a verdade das coisas, vês tudo baço e turvo e desacreditas o que surge a posteriori. Isolas-te então e a tua mente vai perdendo a lucidez, assim pouco a pouco. Preferes perder a consciência em vez de continuar a ver aquela verdade que te magoa.

E sabes qual é a verdade que eu descobri? As pessoas e os seus sentimentos são descartáveis. A importância de alguém é meramente psicológica e, por isso, facilmente manipulada pela imaginação. Para que entendas o que quero dizer, tentarei dar um exemplo: imagina, por exemplo, que esperas socorro após um naufrágio. Surge um barco, lançam-te uma bóia e um colete de salvação; sentes que tua vida será salva. No entanto, à medida que nadas tentando alcançar a bóia e o colete começas a aperceber-te que o barco se vai afastando. Tu não entendes o que se está a passar e imploras que esperem até perderes a voz de tanto gritar, mas ninguém te ouviu, nem te viu.

- “ Porquê?”- perguntas.

- “Eles não perceberam que eu era alguém. Consideraram-me um objecto sem vida e por isso se afastaram.” - responde a tua mente, não muito convicta.

Mas tu depressa te aperceberás da verdade que nunca saberás. Nunca! Nunca! Ficarás nesse mar alto de desorientação e mágoa, sentindo-te como um objecto descartável, igual a papel higiénico a boiar, por não teres percebido a atitude daquelas pessoas que te poderiam salvar e assim proporcionarem-te uma segunda oportunidade de vida.

A todos esses, Inês, manda-os à merda e salva-te como puderes. Ah! Esqueci-me que já o fizeste, pondo em prática processo de libertação.
Ana Teresa P. Lousada

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