quarta-feira, julho 30, 2008

A minha cadela

No dia 24 de Julho, a minha cadela morreu. Estava comigo, desde os meus 14 anos. Entrei num grande sofrimento e nestas situações recorremos a tudo para aliviar um pouco. Foi uma enorme perda, praticamente equivalente à perda de um amigo (humano). Foram 14 anos, metade da minha vida. Aquele ser cresceu comigo. Cresceu comigo!
Tecnicamente sei que tenho que fazer o luto, chorar, aguentar, não recalcar a tristeza e bla bla bla. Mas é difícil! É difícil! É um animal e dizem que temos que distinguir um animal de um ser humano. Ok, tudo bem. Mas e quando o animal assume maior importância na nossa vida, do que a maioria dos seres humanos? É igualmente muito doloroso superar a sua perda.
Provavelmente irei adoptar outro animal. Esta semana entrou uma gata pela nossa janela e já se apoderou da nossa casa. Eventualmente irei à sociedade protectora dos animais procurar um cão. Mas a minha cadela, que me acompanhou durante 14 anos, é única e quase enlouqueço neste processo de luto.
Gostaria de saber se alguém sentiu o mesmo com a perda de um animal, para pelo menos não sentir que não sou a única a chorar por um ser dito irracional.
Leiam, se quiserem. Critiquem, se o pretenderem. Não me envorgonho do que sinto, só queria que esta dor fosse mais fácil de suportar. Obrigada.
Ana Lousada

terça-feira, julho 22, 2008

Comigo, desde 1993

Um dos seres mais preciosos da minha vida está doente. Não, não é um ser dito racional. É um ser que me recebe sempre com alegria há 14 anos, que retribui o carinho que lhe dedico, que cresceu comigo e que eu AMO com todo o meu coração. É a minha cadela. Tal como ela fico doente, perco-me na inconsciência. Onde é que vou arranjar força para aguentar a sua perda? Dói tanto, dói tanto, dói tanto. Hoje tive que a deixar no veterinário, subia-me pelos braços, como que a pedir que não a deixasse. Sei que é para o seu bem, sei que é dar-lhe uma hipótese de melhorar e ao mesmo tempo tenho tanto medo de não a ver mais. Os seres racionais não compreendem como nos podemos afeiçoar a seres ditos irracionais. Pois eu não tenho vergonha de assumir que a minha cadela é um dos seres que mais AMO! Cresceu comigo, todos os dias ao meu lado. Farei tudo para lhe prolongar um pouco mais a vida. Escrevo, acrescento pontuação, não me esqueço de maiúsculas, enquanto as lágrimas não param, os soluços me sufocam e me aceleram a respiração. Caramba, porque é que os seres que mais falta nos fazem não são eternos?

terça-feira, julho 08, 2008

"O dia de hoje é uma dádiva"

Fui ver o “Po”, o Panda do Kung Fu. Um filme que induz à paz de espírito, à força interior e ao reencontro com o nosso “eu”.

Estando eu a ler “A Montanha da Alma”, não poderia haver maior coincidência que esta. Ri-me com o filme, ri-me com as crianças que se riam. Ria-me com os ataques “kungfuosos” da minha amiga e do meu amigo e nunca pensei que fosse possível um panda ser filho de um pato ou um porco ter barba por desfazer.

No fundo, consciencializei-me!

Sabíamos que se plantarmos um pessegueiro, não podemos desejar que nasça uma macieira?

E além disso, sabíamos que não existe nenhum segredo para sermos especiais? Basta acreditarmos que o somos.

“Oogway” ou Hugo, a tartaruga mestre, também refere que "o dia de ontem é história, o dia de amanhã é mistério e o dia de hoje é uma dádiva”. Cheguei a casa, liguei o msn e escrevi esta frase. O meu amigo e a minha amiga fizeram o mesmo. Três pessoas com a mesma expressão, a transmitir a outras pessoas que vão sentir o mesmo impacto. Pois é, meus amigos! O mundo inteiro poderá sentir momentaneamente a dádiva que é o dia de hoje e o mistério de amanhã.

Mas que dádiva, caralho? Onde é que encontro a felicidade de ter passado mais um dia?
Ah pois, tenho que fazer por isso. Lutar! Vejo demais, sinto demais, vejo demais, sinto demais. Enlouqueço um pouco todos os dias. Dádiva seria a insensibilidade instalar-se em mim e sentir-me em paz com isso! Mas é o contrário que se sucede. Preocupo-me com o facto de me ir transformando num ser humano insensível, sem motivação. Serei uma velha chata, frustrada e bruxa com verrugas e nariz comprido, aos olhos de uma criança. Que posso eu fazer para inverter este processo de mutação? Lutar contra o que me domina? Como, se é mais forte do que eu? Não sou panda, filha de um pato e não sei Kung Fu. Antes fosse, porque cada vez menos os humanos me atraem. Todos cópias uns dos outros. Todos! Tal como os figurinos do filme, onde só se vêem patos, coelhos e porcos. O panda em extinção era o que se diferenciava (Tedim, obrigada pela dica). Os seres humanos de coração extinguem-se. É isso que me torna insensível, apática e desinteressada. Talvez se passe o mesmo com outros indivíduos. Desinteressamo-nos uns dos outros. Ciclo vicioso, esta sociedade que criámos.

(Foda-se! E isto é mesmo um filme para crianças! E para adultos não é porquê, caralho?)
Ana Teresa Pinto Lousada

Nota: As asneiras foram escritas propositadamente e são influência do contexto BOPE, a polícia treinada para matar!

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