segunda-feira, janeiro 22, 2007

Anulação

Costumo possuir o cérebro vazio quando o stress predomina. É difícil fazer-me compreender quando tal acontece. Sinto-me distante de tudo o que me rodeia, apática, invisível aos olhos de quem passa. Não sou mais do que fantasma ou espírito... ninguém me vê, só eu me vejo longe de algo que possa sentir. Flutuo entre vidas presentes no olhar de quem passeia, tentando adivinhar que vida será aquela que agora mesmo sigo com o meu olhar atento ao mais pequeno pormenor.

E este processo exige a anulação de nós mesmos, porque a vida de quem passa merece maior atenção pelo facto de ser mais degradante, destrutiva e humilhante. E como nos anulamos, raros são aqueles que páram para nos compreenderem enquanto seres imperfeitos. Sou ser humano como Tu, passível de me sentir vulnerável e errante. Sendo assim, se falho, tal como Tu, tenho o direito à rectificação do meu erro quando tomar consciência dele. Até lá possuo o direito que aguardem com paciência...
Ana Teresa Pinto Lousada

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Vinte e oito anos em viagem prolongada

Agradeço à minha MÃE as dores de parto e toda a vida que me deu e continua a dar. É minha MÃE, é única e a minha heroína. Afinal, são poucos os que têm coragem de partir, deixando para trás o país de origem para dedicar oito anos de vida a um povo carente de tudo, sem nada obter em proveito próprio.
Agradeço ao meu PAI por manter a ligação entre a minha pessoa e a montanha. Que paz sinto entre todo esse espaço que faz parte de ti... e de mim também, cada vez mais.
Agradeço à minha irmã do coração a partilha de emoções enquanto ébrias e sóbrias.
Agradeço à minha outra irmã de coração que me acompanha há quase dez anos. Jamais esquecerei o facto de ter estado a meu lado em dias difíceis de se viverem. Por vezes chateio-me contigo e tu comigo, mas a nossa amizade sempre foi capaz de tudo superar.
Agradeço aos meus amigos verdadeiros, por serem isso mesmo... puros e verdadeiros, que me demonstram sempre o que é ser AMIGO!
Agradeço a todas as pessoas que acompanho a nível profissional. Durante estes dois anos e três meses cresci mais do que em um quarto de século, porque inconscientemente me ensinaram a compreender, a tolerar e a deixar de parte determinados preconceitos.
Agradeço à minha colega que durante ano e meio ano trabalhou comigo, por termos conseguido criar o verdadeiro espírito de equipa, ausente de competição doentia, conflitos, jogos de domínio e manipulação. Mais que colega, és também uma amiga!
Agradeço àqueles que momentaneamente passaram pela minha vida e que me marcaram pela positiva.
Agradeço à minha cadela que faz parte do meu dia a dia há treze anos!!
Por todas estes seres e outros mais que possam surgir continuo agarrada à VIDA.
Ana Teresa Pinto Lousada

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Do outro lado da barreira

"Nem todos os mortos estão nos cemitérios. Há muitos mortos de pé que passam na rua de olhar perdido; os seus passos vagueiam sem rumo, a sua cabeça estás vazia por ter estado demasiado cheia. Para eles, tudo parece vazio, já só têm casa nas suas recordações, foram demasiado espezinhados para poderem rejuvenescer, são como fugitivos de coração despedaçado... Mas então, porque se mantêm na fila durante horas a fio? São a longa fila de todos aqueles que esperam que alguém confie neles. Esperam que alguém conte com eles para mudar o mundo. Eles? Todos esses «vagabundos» que só se mantêm de pé graças aos serviços de assistência? Que devemos fazer? Atear de novo as brasas sob a terra lavrada, para que esta se torne menos gelada. Tirar as mãos dos bolsos e não só o porta-moedas. Devemos sair de casa... O amor já não pode esperar. É hoje que a liberdade vai ferir-vos os pés..."


Secours Catholique

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