domingo, agosto 30, 2009

Um belo sonho

"Nas suas lágrimas sentia que lhe sucederia agora o que de mais belo pode acontecer a alguém e, ao procurar meditar sobre isso, soube claramente que seria o amor, mas não podia concebê-lo exactamente e acabou por ter o sentimento de que o amor seria como a morte, que seria uma realização e um crepúsculo, aos quais nada mais deveria seguir-se".

Excerto do conto de Hermann Hesse: "Um belo sonho" (1913)

sábado, agosto 01, 2009

O vale do desassossego

"Houve outrora um vale silente
Onde não morava gente;
Tinham ido pelejar,
Confiando ao céu estelar
Em seus nocturnos esplendores
A vigilância das flores,
E nelas durante o dia
O Sol rubro se estendia.
Agora, quem quer que o visite
Acha um vale insone e triste.
Nada tem que não se agite,
Salvo o ar, tão taciturno.
Sobre o feitiço nocturno.
Ah, nenhum vento move aqueles ramos
Que raivam, com os frios oceanos
Pelas Hébridas nubladas!
Ah, nenhum vento move as nuvens pardas
Que roçagam pelo céu em tropelia,
De manhã ao fim do dia,
Sobre as violetas deitadas
Tais pupilas variegadas...
Sobre os lírios, que assenam e assomam
E choram túmulos sem nome!
Acenam das corolas, tão fragantes,
Escorrem gotas de orvalho incessantes.
Choram: e dos seus caules, tenros, frágeis,
Corre um pranto de gemas infindáveis".

Edgar Allan Poe

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