Ver para além

Gostava um dia de espreitar a morte, sentir seu cheiro e textura. Ver se me assusta, ouvir sua melodia, talvez acalmar-me em seu meio ambiente envolvente, gostava de olhá-la, conhecê-la como futura residência, perder-lhe o medo e talvez até gostar desse canto… será sombrio, solitário e frio?
Gostava de espreitar a morte, ver meus mortos e sorrir-lhes só mais uma vez, dizer-lhes que o mundo está mais vazio sem a presença deles. Desaparecem os que me conhecem por me terem visto nascer, desaparece a minha identidade. Poderiam até recordar-me de como aprendi a sorrir e quem sabe dizer-me que ainda me vêem, apesar de distantes e que estão comigo em dias de vazio.
Espreitar a morte apenas, perder-lhe o medo e só depois renascer e viver.
Gostava de espreitar a morte, ver meus mortos e sorrir-lhes só mais uma vez, dizer-lhes que o mundo está mais vazio sem a presença deles. Desaparecem os que me conhecem por me terem visto nascer, desaparece a minha identidade. Poderiam até recordar-me de como aprendi a sorrir e quem sabe dizer-me que ainda me vêem, apesar de distantes e que estão comigo em dias de vazio.
Espreitar a morte apenas, perder-lhe o medo e só depois renascer e viver.
Ana Teresa P. Lousada