segunda-feira, dezembro 10, 2007

Sucumbo a esta dor

Largo a branca para recuperar meus filhos, para logo num segundo me agarrar ao alívio de ressaca daquela castanha. Não é prazer que me dá. É o alívio que me concede. Estou no fundo, no degredo, sucumbindo à dor daquele amor que receio perder. Sinto-me a perder a razão de viver e deixo-me invadir pela dor física. Não aguento, não aguento, não aguento! Dá-me a castanha e o resto que se foda. Dor física, dor de coração, vida de merda que me deram. Atiraram-me a ela, como a uma fera, sem me perguntarem opinião. Ah! Se eu soubesse o que era a vida antes de nascer, voltaria para o ventre de minha mãe até desaparecer. Foi este o destino que me traçaram? Foi castigo que me deram, por ter errado em outra vida? Fui eu simplesmente que construí aquilo que sou? Não sei, digo apenas o que desde sempre me deu meu pai: aquela violência gratuita que nunca compreendi. Terá sido a forma que encontrou para dizer que amava seus filhos? Será a violência que gera violência? Serão os pais alcoólicos que criam em seus filhos uma tendência para o vazio, que tento colmatar com o consumo de outras substâncias? Então, se assim for, porque é que meu irmão foi mais resistente? Preciso de respostas para todas as minhas perguntas. Preciso que meus filhos me continuem a ver como mãe e que me amem sempre. Sei que não conseguirei cuidar deles, sem primeiro conseguir cuidar de mim, não preciso que me digam e que me imponham tal regra. Mas não deixa de doer, porque os amo desde o primeiro dia de concepção. A sua vida dependeu da minha, assim como a minha depende de todo o seu amor.
Minha menina, minha filha, meu anjo, todos os dias olho a tua fotografia. Fazes três anos este mês. Olha para mim e diz o que vês. És pequenina e não compreendes? Digo eu que me chamam drogada, mas sou tua mãe! Por isso, quando acordares, peço que não deixes de me amar!
Ana Teresa P. Lousada

Free Hit Counter