domingo, maio 21, 2006

Gumes (4)


"Estou farto disto, não posso mais, todos os dias passam iguais. Como um fantasma com escorbuto corro a cidade na busca de um xuto, speed ou heroa, coca ou morfina, tudo me serve como vacina desde que traga a santa narcotina. Furam-me os ossos, caem-me os dentes, reflicto ao espelho sinais indigentes, mas o pavor é da ressaca e da dor! Já desvairado com tanta volta, sempre sem ver poda ou recolta, fico em suores, vem-me a carência, sinto-lhe a mão sem qualquer clemência: pica-me as pernas, prende-me as costas, fere-me os tímpanos em dores expostas no rito ansioso do coçar das crostas. Não posso mais, tudo o que eu quero é ver-me livre deste ruim desespero, um caldo tal que seja um ponto final."
Adolfo Luxúria Canibal/Mão Morta

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